BIRDMAN (OU A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA) - 10,0
O filme foi dirigido por Alejandro González Iñárritu, mexicano conhecido por produções como Babel e Biutiful. No elenco da peça (e do filme), estão Riggan (Michael Keaton), Mike Shiner (Edward Norton), Lesley (Naomi Watts), Laura (Andrea Riseborough), Sam (Emma Stone) e Brandon (Zach Galifianakis).
O filme conta a história de um ator, Riggan Thomson, que ficou muito conhecido por atuar em um blockbuster como o super-herói Birdman, franquia que fez muito sucesso e tornou Riggan muito conhecido. Contudo, Thomson se recusou a atuar no quarto filme de Birdman o que fez com que sua carreira começasse a decair. Então, ele migra para o teatro e decide dirigir, roteirizar e atuar em uma peça, buscando o reconhecimento pelo seu trabalho como um "ator sério" (teatro é coisa séria).
A escolha de Michael Keaton como protagonista não foi aleatória, uma vez que ele mesmo atuou em dois filmes como Batman e ficou super conhecido por isso e, depois, passou um bom tempo sem papéis interessantes no cinema, assim como seu personagem. O mesmo acontece com a escolha do Norton que, para contracenar com Riggan, na peça que ele está dirigindo, acabam por contratá-lo (Mike Shiner), por ser um ator famoso e que, por isso, traria visibilidade a peça. Mike, assim como Edward Norton, é um ator que tem crises e conhecido por gostar de dar pitaco na direção.
Os outros personagens são igualmente icônicos e cada qual tem seus problemas como Sam (Emma), a filha de Riggan, que sente falta da atenção que o pai nunca deu. Lesley (Naomi), atriz que tenta se livrar dos fantasmas dos relacionamentos antigos. Além de Brandon (Zach), o agente que tenta ganhar dinheiro com tudo o que acontece.
O filme é ácido e tem um ritmo fascinante. A trilha sonora é maravilhosa com uma bateria frenética nas situações tensas do filme. Sensacional. O longa utiliza uma filmagem quase sem cortes (tem cortes quase imperceptíveis), contínua, com uma câmera que passeia pelos bastidores do teatro tentando capturar tudo e todos. A câmera mais parece que tem vida própria e, por vezes, parece que se move como uma pessoa. Assim como a edição, a fotografia é sensacional (falei lá em cima que a palavra para o filme era essa).
Na telona, pudemos observar várias críticas sendo feitas à indústria do entretenimento. Além disso, Iñárritu também mostra a realidade de uma forma que nos faz questionar se é a arte que imita a vida ou se é a vida que imita a arte. Para mim, ambas.
O filme também nos faz pensar a respeito da internet e o uso das redes sociais, como na cena em que Riggan sai de cueca na rua, porque ficou trancado do lado de foram do teatro, e, no outro dia, seu vídeo no youtube já têm milhões de visualizações e ele percebe que lutou tanto pelo reconhecimento de seu esforço e mais uma vez sua notoriedade vem de fatos tolos.
Iñárritu nos chama a atenção, ainda, para essa busca incessante que temos pelo reconhecimento nos dias de hoje. Todo mundo quer ser conhecido e reconhecido. No caso de Riggan, ele se sente tão pressionado que o mesmo se vê ouvindo, em sua cabeça, a voz do próprio Birdman (seu álter-ego) que fica perseguindo, questionando suas decisões e o deixando confuso.
Por hoje é só pessoal.
Inté mais.
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