SESSÃO CINEMA: BOYHOOD - DA INFÂNCIA À JUVENTUDE




Antes de mais nada: adorei a trilha sonora do filme. Muitooooo boaaa! O filme já começa com Yellow do Coldplay e ao longo dele ouvimos Band On The Run do meu ídolo Paul McCartney, mas tem também Pink Floyd, kings of Leon, Bob Dylan, Foo Fighters, Sheryl Crow, Daft Punk, chegando a Pharrell Williams e Lady Gaga, dentre outros (que ainda vou baixar para ouvir porque não conheço, mas quero conhecer).

Boyhood ganhou o Globo de Ouro nas Categorias Melhor Filme, Melhor Diretor (Richard Linklater) e Melhor Atriz Coadjuvante (Patricia Arquette).

O filme conta a história de Mason (Ellar Coltrane), filho de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tentam criar ele e sua irmã, Sam (Lorelei Linklater, filha do diretor), em meio aos acontecimentos da vida. O filme é contado do ponto de vista de Mason e a narrativa percorre a vida dele durante um período de doze anos, "da infância à juventude", e mostra todas as fases "esquisitas" pelas quais os adolescentes passam.


O longa foi dirigido por Richard Linklater que rodou o filme durante doze anos em segredo. Linklater é famoso pela trilogia Antes do Amanhecer (1995), Antes do Pôr-do-sol (2004) e Antes da Meia-Noite (2013), que também foi filmada em anos diferentes para mostrar a evolução da vida do casal de uma forma mais realista. Os roteiros do Linklater são muito bons, pelo menos dos filmes que assisti, têm algumas cenas dramáticas, outras cômicas, mas também, ótimos diálogos. Identifico-me um pouco com ele, pois adoro conversar sobre a vida e fazer questionamentos sobre ela e ele faz isso muito bem em seus filmes, é ótimo de assistir.


Em Boyhood, vemos a arte imitando a vida real. O roteiro não tem nenhuma reviravolta, ele mostra apenas o crescimento de um garoto com todos problemas de uma criança/adolescente comum e também as suas fases. O fato do filme ter sido filmado em doze anos nos mostra a evolução, não só na narrativa, mas também a evolução física, dos personagens. Isso é sensacional. Ellar Coltrane se manteve um bom ator ao longo das filmagens, conseguindo demonstrar muito bem aquelas fases da adolescência pelas quais garotos comuns passam: introspecção, sensação de estar perdido e não saber que caminho seguir, desilusões amorosas, primeiro amor, primeiras bebedeiras etc. Entretanto, a atuação de Lorelei cai um pouco com o passar do filme e sua personagem vai perdendo espaço no filme. 


A passagem do filme é tão bem feita que você, ás vezes, nem percebe que o tempo já passou e que os personagens mudaram (fisicamente). Linklater mostra essa passagem tão bem, que chega a quase captá-lo. Nesse ponto, o filme se assemelha um pouca ao Azul É A Cor Mais Quente em que vemos uma adolescente se transformar em mulher, mas isso só acontece na narrativa, enquanto em Boyhood vemos as transformações físicas e como elas retratam um momento na vida dos personagens:o personagem de Ethan Hawke passa anos com o mesmo carro e usando o mesmo tipo de roupa e depois aparece de terno e barba; a personagem de Patricia Arquette e suas mudanças de cortes de cabelos que retratam os seus momentos amorosos e as desilusões; isso tudo sem ter que verbalizar essas mudanças.


O filme é primoroso. As quase três horas de filme passam de forma muito amena e você nem percebe. Sabe aquela história que temos que saber dar valor as coisas simples da vida? Boyhood retrata os acontecimentos comuns da vida de um adolescente, mas quem disse que acontecimentos ordinários são menos importantes? Afinal, não são as experiências pelas quais passamos, mesmo as mais ordinárias, que nos fazem quem somos? Pois bem. E será que podemos esperar uma continuação desse filme? Já vi umas pessoas sugerindo que o Linklater deveria continuar filmando a evolução do Mason até os 28 anos, depois até os 38 etc. kkkkkkkkk Bem, acho que se ele for mesmo fazer isso, só vamos saber daqui há 10 anos.



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